Bom dia! Hoje resolvi colocar um texto que foi publicado no Jornal Correio. Jornalistas, reflitam! E principalmente: leitor, seja crítico!
Imprensa imparcial?
Não existe veículo de comunicação totalmente imparcial, ainda mais em se tratando de política. A maioria dos jornalistas é dotada de bons valores e sabe a importância de se manter uma postura de equilíbrio e distanciamento dos interesses particulares. Mas, eles trabalham para grandes grupos que, em geral, não têm essa mesma visão.
Acho que a minha birra da revista “Veja” vem daí. No Brasil, há duas revistas semanais que se opõem politicamente: a “Carta Capital” e a “Veja”. Não sou esquerdista, não votei no Lula nas últimas eleições e provavelmente não votarei na Dilma agora, mas ainda assim tenho muito mais respeito pela “Carta Capital” do que pela publicação da Editora Abril. Por quê? Porque a Carta publicou um editorial explicando as razões de apoiar a candidata do PT.
A consequência disso é simples: o leitor sabe que está lendo uma revista que tem um posicionamento explícito a favor da Dilma e, por isso mesmo, esse leitor fará uma leitura mais crítica das reportagens. Se você sabe que um comentarista esportivo é são-paulino declarado, ponderará bem suas opiniões ao assisti-lo em um programa no qual se fala de um jogo contra o Corinthians. O problema é quando esse mesmo comentarista não assume abertamente sua paixão são-paulina e fica detonando o Corinthians de forma parcial, assumindo ao mesmo tempo uma imagem de profissional íntegro, equilibrado e imparcial.
É isso que sinto em relação à “Veja”, uma revista com o DNA do PSDB paulistano, mas que tenta se vender como um meio de comunicação sem preferências políticas, composto por um grupo de jornalistas isentos, que não vestem a camisa de um time específico. Por que não se assumir PSDB como a “Carta Capital” assumiu ser Dilma? Seria tão mais simples e honesto! Assim como o leitor da "Carta", o da “Veja” saberia claramente que está lendo uma revista que apoia um grupo político e, por isso mesmo, tende a dar um viés parcial em suas reportagens.
O que interessa mesmo não são essas duas revistas específicas, mas a imprensa em geral. Como eu disse, a maioria dos jornalistas busca ser isenta. De toda forma, sempre que você ler uma reportagem, lembre-se que ela é feita por seres humanos, os quais, pela própria natureza, são falíveis e acumulam ideologias desde o berço. E que esses jornalistas trabalham para grupos que precisam sobreviver economicamente e, por isso mesmo, nem sempre respeitam as lições básicas das faculdades de jornalismo sobre isenção, imparcialidade e respeito às versões contrárias.
Tendo essa visão crítica, você passará de um mero papagaio de certos meios de comunicação para uma pessoa capaz de estabelecer com qualquer um diálogos críticos e inteligentes.
Alexandre Henry - Escritorwww.dedodeprosa.com